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Vigorexia: o impacto na qualidade de vida

Atualmente, a sociedade e as mídias sociais impõem padrões de beleza discrepantes e impulsionam regras que são idealizadas pelas pessoas e praticamente impossíveis de serem seguidas, o que desencadeia uma série de transtornos psíquicos relacionados à aparência. Entre os transtornos mais prevalentes, destacam-se a vigorexia e a dependência por exercícios físicos. A vigorexia é um tipo de transtorno dismórfico corporal em que o indivíduo potencializa e/ou idealiza defeitos estéticos que venha a possuir, passando a sentir-se aparentemente repugnante. A imagem corporal de indivíduos com esse transtorno encontra-se distorcida, visto que sua autoavaliação indica a insuficiência de massa magra, quando, na realidade, aparentam musculatura desenvolvida.

Segundo estudos científicos, os frequentadores de academias apresentam crescente insatisfação com a aparência física, o que torna a população mais sintomática para a dependência de exercício e aumenta o risco para desenvolvimento de transtornos. As variáveis identificadas na literatura relacionadas à dismorfia muscular são classificadas como: desejo pelo aumento de massa corporal, influência da mídia, baixa autoestima, insatisfação com o corpo, ausência de controle da própria saúde, perfeccionismo e distorção corporal.

Devido ao desconhecimento relacionado à dieta e às especificidades que a prática esportiva induz, desportistas e atletas comprometem a própria saúde e esforçam-se excessivamente para alcançar ou manter uma meta inadequada de peso corpóreo, com o mínimo de percentual de gordura corporal. A dieta inadequada, caracterizada por ser rica em carboidratos e proteínas, e o consumo exacerbado de suplementos proteicos podem ocasionar distúrbios metabólicos significativos aos indivíduos com vigorexia, afetando especialmente as funções renal e hepática, a taxa de glicemia e os níveis de colesterol. Com isso, esses efeitos negativos aumentam o estresse oxidativo e reduzem a capacidade do fígado de desintoxicar compostos prejudicais que desencadeiam doenças crônicas.

 

REFERÊNCIAS

CAMARGO, TP et al. Vigorexia: revisão dos aspectos atuais deste distúrbio de imagem corporal. Rev. bras. psicol. esporte, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 01-15, Jun.  2008.

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SANTOS, NO et al. Vigorexia, uso de anabolizantes e a (não) procura por tratamento psicológico: relato de experiência. Psicol. hosp., São Paulo, v. 10, n. 1, p. 02-15, Jan.  2012.

SOLER, PT et al. Vigorexia e níveis de dependência de exercício em frequentadores de academias e fisiculturistas. Rev Bras Med Esporte, São Paulo, v. 19, n. 5, p. 343-348, Out. 2013.

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