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Programação nutricional no início da vida associada à longevidade

Estudos experimentais e epidemiológicos sugerem que uma alimentação inadequada no início da vida pode alterar permanentemente a estrutura e a função de órgãos específicos ou de vias homeostáticas, assim, programando o estado de saúde e a longevidade do indivíduo, sendo que as evidências elucidam o impacto significativo de mecanismos de regulação epigenéticos nesse fenômeno de programação nutricional e metabólica.

O excesso de tecido adiposo materno pode afetar o desenvolvimento fetal desde sua fase embrionária até o parto, sendo que a taxa de malformações fetais apresenta-se maior em mulheres obesas do que em eutróficas. Além disso, o acúmulo de adiposidade corporal interfere no metabolismo dos folatos, o que elucida a maior incidência de defeitos do tubo neural mesmo com a suplementação do ácido fólico. Em contrapartida, a situação oposta também gera disfunções na programação intrauterina do feto, pois gestantes que recebem uma nutrição inadequada e insuficiente impossibilitam a oferta de nutrientes coerentemente.

A exposição fetal à hipóxia ou baixa disponibilidade de nutrientes desenvolve uma resposta preditivo-adaptativa ao ambiente extrauterino, propiciando interações metabólicas que podem desencadear doenças crônicas na vida adulta e impactar no envelhecimento precoce.

Além disso, as mudanças na composição celular de tecidos, que são induzidas por condições intrauterinas favoráveis, podem influenciar a função fisiológica pós-natal. Sugere-se que o fígado pode representar um órgão-alvo para a programação metabólica, passando por alterações epigenéticas, funcionais e estruturais após exposição a um ambiente intrauterino desfavorável, podendo aumentar o risco futuro de doenças cardiometabólicas e distúrbios da senescência.

 

REFERÊNCIAS

SAFFERY, R et al. Cohort profile: the peri/post-natal epigenetic twins study. Int J Epidemiol., v. 41, n. 1, p. 55-61, Feb. 2012.

SILVA, JP et al. Interferências da programação metabólica no desenvolvimento da obesidade e suas comorbidades. Salus J Health Sci., v. 1, n. 1, p. 91-99, Abr. 2015.

TESCHENDORFF, AE; WEST, J; BECK, S. Age-associated epigenetic drift: implications, and a case of epigenetic thrift? Hum Mol Genet, v. 22, n. R7. 2013. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3782071/>. Acesso: 14 dez. 2016.

VAISERMAN, AM. Early-life nutritional programming of longevity. J. Dev. Ori. Health Dis., v. 5, n. 5, p. 325-38, Feb. 2014.

 

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