Envelhecimento cutâneo – acelerado ou saudável?
O cuidado cutâneo é uma das grandes preocupações, principalmente das mulheres, no consultório do nutricionista estético. Isso porque a pele é um dos primeiros órgãos a sinalizar o envelhecimento, com sinais como rugas, flacidez, manchas e desidratação.
Entretanto cada paciente passará por uma progressão da senescência, que é inerente ao ser humano, mas que pode se apresentar de duas formas: acelerada ou saudável. E, nesse sentido, estilo de vida, como a exposição ao sol, padrão alimentar, presença ou não de doenças crônicas (como diabetes), tabagismo, entre outros, têm grande impacto nesse processo. Isso porque um estilo de vida não saudável se relaciona com o excesso de estresse oxidativo, que, por sua vez, relaciona-se com os sinais do envelhecimento cutâneo.
Assim, a nutrição pode ser uma grande aliada no cuidado da pele, auxiliando no controle dos danos causados pelos fatores citados à estrutura cutânea.
Nutrição x manutenção cutânea:
O conceito de nutrição In & Out já tem importância bem estabelecida na área da nutrição estética, principalmente como parte da modulação antiaging, demonstrando o papel da efetiva nutrição com a integração da alimentação e suplementação, além dos cuidados com dermocosméticos naturais, que refletem na estética.
Quando pensamos na manutenção cutânea, a literatura científica aponta diversos nutrientes e compostos que atuam desde as propriedades funcionais da pele até no fornecimento dos componentes da matriz extracelular, auxiliando na redução dos sinais consequentes ao envelhecimento, com alguns revelando maior destaque recentemente, como o ácido hialurônico.
Ácido hialurônico – estrutura e função
Atualmente, um dos compostos com grande foco terapêutico e estético, seja para uso tópico ou para a suplementação via oral, é o ácido hialurônico, também conhecido como hialuronano ou hialuronato. Ele é um glicosaminoglicano não proteico, não sulfatado que está presente naturalmente no organismo, sendo produzido por sinoviócitos, fibroblastos e condrócitos, a partir da ação da enzima hialuronano sintase e apresenta propriedades físico-químicas únicas, como alta biocompatibilidade, biodegradabilidade, mucoadesividade, higroscopicidade e viscoelasticidade. . É um importante componente da matriz extracelular e está envolvido em muitos processos-chave, como a sinalização, diferenciação e proliferação celular, manutenção da lubrificação e hidratação, atua no metabolismo dos fibroblastos, reparo tecidual (inclusive, feridas), preenchimento espacial e organização da matriz extracelular, além de ter potencial efeito anti-inflamatório e por isso, tem ganhado destaque na nutrição estética.
Envelhecimento x ácido hialurônico
No processo de envelhecimento, há uma redução intrínseca da concentração do ácido hialurônico cutâneo, que pode ser agravada com o excesso de estresse oxidativo, pela degradação química causada pelas espécies reativas de oxigênio. Dessa forma, há uma desestruturação da matriz extracelular, com perda da hidratação, além de menor capacidade de regeneração cutânea e outros efeitos exercidos por esse composto. Dessa forma, a sua suplementação é apontada como aliada para a sua reposição dérmica.
O que a ciência compila sobre a suplementação com ácido hialurônico na pele?
Oe et al. (2017) conduziram um estudo controlado, randomizado e duplo-cego com 60 indivíduos de idade entre 22 a 59 anos e com a presença de rugas, “pés de galinha”, em que avaliaram os efeitos da suplementação de 120mg/dia de ácido hialurônico (HA), com 2 pesos moleculares (2 k ou 300 k) ou placebo, por 12 semanas. No período do estudo, os grupos de intervenção, com os dois pesos moleculares, apresentaram melhor nível de volume dos sulcos e de rugas do que o grupo placebo, além de menor área com rugas. Após 8 semanas de ingestão, o grupo de HA de 300 k apresentou rugas significativamente diminuídas em comparação com o grupo placebo. O brilho e a elasticidade da pele melhoraram significativamente após 12 semanas, em todos os grupos, quando comparados ao início do estudo.
Göllner et al. (2017) conduziram um estudo clínico com 20 mulheres, com peles saudáveis e idades entre 45 a 60 anos, de forma a avaliar o efeito da suplementação com uma preparação oral de HA diluída em um concentrado orgânico e fermentado enriquecido com biotina, vitamina C, cobre e zinco, por 40 dias. Diferentes parâmetros cutâneos foram avaliados objetivamente antes da primeira ingestão, após 20 dias e ao final do estudo. A ingestão da solução de HA levou a um aumento significativo na elasticidade e hidratação cutâneas e a uma redução significativa na aspereza da pele e profundidade das rugas. O suplemento foi bem-tolerado e nenhum efeito colateral foi observado ao longo do estudo.
Referências
BONTÉ, F. et al. Skin Changes During Ageing. SubecellularBiochemistry, v. 91, 249-280, 2019.
SIMAS, L.A.W.; WOLPE, R.E. Manual de Atendimento em Nutrição Estética. Curitiba: Editora Autores Paranaenses, 2016.
PUJOL, A. P. (Org.). Nutrição Aplicada à Estética. Rio de Janeiro: Rubio, 2011.
SALWOWSKA, N. M. et al. Physiochemical properties and application of hyaluronic acid: asystematic review. Journal of Cosmetic Dermatology, v. 15, p. 520-526, 2016. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jocd.12237. Acesso em: 03 dez. de 2020.
GUPTA, R.C. et al. Hyaluronic Acid: Molecular Mechanisms and Therapeutic Trajectory. Front Vet Sci., v.6, p.192, 2019. Diposnível em : https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6603175/. Acesso em: 03 dez. 2020.
OE, M. et al. Oral hyaluronan relieves wrinkles: a double-blinded, placebo-controlled study over a 12-week period. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology, v. 10, p. 267-273, 2017.
GÖLLNER, I. et al. Ingestion of an Oral Hyaluronan Solution Improves Skin Hydration, Wrinkle Reduction, Elasticity, and Skin Roughness: Results of a Clinical Study. J Evid Based Complementary Altern Med., v.22, n.4, p.816-823, 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5871318/. Acesso em: 03 dez. de 2020.
FALLACARA, A. et al. Hyaluronic Acid in the Third Millennium. Polymers (Basel)., v.10, n.7, p.701, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6403654/. Acesso em: 03 dez. 2020.