A obesidade é considerada uma pandemia, que vem sendo descrita como globesidade, uma vez que atinge uma grande parte da população mundial. Sabe-se a importância da dieta e do exercício físico como promotores ou reguladores do desenvolvimento da obesidade, contudo, ressalta-se a influência dos fatores genéticos que podem contribuir para 20 a 25% da variabilidade interindividual do peso corporal.
Em médio a longo prazo, as intervenções nutricionais com foco na alteração do padrão alimentar e no aumento do exercício físico para perda de peso demonstram baixa efetividade. A genômica nutricional, área que estuda o impacto dos polimorfismos genéticos na suscetibilidade para o desenvolvimento de doenças e disfunções metabólicas, vem sendo adotada como importante preditor na regulação do peso corporal, visto que indica como um paciente responderá a determinado tipo de dieta de acordo com a sua genética avaliada. Na última década, através dos estudos de associação genômica ampla, foi possível encontrar fatores relacionados à suscetibilidade para a obesidade, agrupados com os sinais metabólicos: regulação do apetite e saciedade, gasto energético, adipogênese, diferenciação de adipócitos e resistência insulínica.
Em recente estudo, conduzido por Lamiquiz-Moneo et al. (2019), os autores investigaram uma coorte de indivíduos com sobrepeso que realizavam uma dieta homogênea para identificar fatores genéticos relacionados à perda de peso. Esses fatores poderiam ser utilizados como marcadores preditivos de intervenções voltadas ao emagrecimento. Um total de 788 participantes com idade superior a 18 anos fez parte do estudo. Eles apresentavam um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25 e 40kg/m2 e foram tratados em uma unidade lipídica por pelo menos um ano de 2008 a 2016. Todos os participantes receberam aconselhamento de um nutricionista. As análises genéticas foram baseadas no genótipo de 25 variantes de nucleotídeo único (SNVs) em 25 genes previamente associados à obesidade.
O alelo de risco em O CADM2 foi o de maior frequência em indivíduos com sobrepeso e obesidade. O tempo médio de seguimento foi de 5,58 anos. Os indivíduos que apresentaram escores genéticos mais baixos tiveram maior perda de peso no período de acompanhamento. A avaliação do escore genético explicou 2,4% da variação de peso em um ano e 1,6% da alteração de peso no final do acompanhamento. Esse foi realizado após ajuste para o peso inicial, sexo, idade e o tempo em anos do acompanhamento nutricional.
O Dr. Luciano Bruno reunirá comprovações científicas e sua experiência clínica sobre a reprogramação gênica e os efeitos no gerenciamento do peso dentro do Módulo Nutrição Personalizada do MBNE 2020.
REFERÊNCIAS
DRABSCH, T.; HOLZAPFEL, C. A. Scientific Perspective of Personalised Gene-Based Dietary Recommendations for Weight Management. Nutrients, v. 11, n. 617 p. 1-14, 2019.
HEBEBRAND, J. et al. Molecular genetic aspects of weight regulation. Dtsch Arztebl Int., v. 110, n. 19, p. 338-44, may. 2013.
LAMIQUIZ-MONEO, I. et al. v Genetic predictors of weight loss in overweight and obese subjects. Sci Rep., v. 9, n. 10770, 2019.
PEREIRA, V. et al. Fatores genéticos, epigenómicos, metagenómicos e cronobiológicos da obesidade. Acta Portuguesa de Nutrição, v. 17, p. 22-26, 2019.
XIA, Q.; GRANT, S. The genetics of human obesity. Ann. N.Y. Acad. Sci., v. 1281, p. 178-190, 2013.