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O consumo de carne associado ao envelhecimento precoce

No Brasil, a contribuição calórica das carnes na alimentação da população vem sofrendo uma evolução crescente. Aumentou-se o consumo de carnes em cerca de 20% nos anos de 2003 a 2008. Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), de 2008 e 2009, as carnes, as vísceras e os pescados representaram 15,1% dos gastos com alimentação, sendo considerado o item mais caro da alimentação. O alto consumo desse alimento, principalmente contendo excesso de gordura, tem sido apontado como um fator preocupante para a saúde. As carnes, especialmente as vermelhas e as processadas (embutidos), possuem alta concentração de colesterol, ácidos graxos saturados e sódio, sendo assim associadas à incidência de doenças cardiovasculares e cânceres. Além disso, um estudo publicado pelo JAMA Internal Medicine confirmou a relação entre longevidade e a dieta restrita de carnes (dietas vegetarianas), sugerindo que o consumo poderia aumentar o risco de mortalidade. Outro fator importante a ser ressaltado, associado ao custo elevado desse alimento na dieta, é a sua produção, que acaba por gerar um forte impacto sobre o meio ambiente, pois promove o desmatamento, sendo fator contribuinte para um ambiente menos sustentável, o que consequentemente propicia efeitos negativos à saúde.

Alguns compostos prejudiciais ao organismo são produzidos quando a carne é submetida às formas de cocção (fritar, grelhar, assar). Entre eles, destacam-se aminas heterocíclicas, hidrocarbonetos e produtos finais de glicação (AGEs). As aminas heterocíclicas são formadas a partir da combinação de creatina presente no músculo, sendo que, uma vez produzidas e ativadas, apresentam potencial cancerígeno, principalmente câncer de colorretal e próstata, incluindo, também, sinais fisiológicos de envelhecimento precoce.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Harvard, que acompanhou 120 mil americanos por mais de 20 anos, ressaltou que o consumo de uma porção diária de carne processada (salsicha, bacon) eleva em 20% o risco de complicações metabólicas, e o consumo de carne vermelha eleva, em média, 13%. Em contrapartida, o estudo sugeriu que a substituição por proteínas mais saudáveis, principalmente grãos integrais, pode aumentar significativamente a qualidade de vida, mais precisamente em torno de 10% em relação a leguminosas, 14% aos cereais, e indicando também proteínas advindas de carnes brancas, como peixes e frango.
Para tanto, são inúmeros os motivos positivos que se destacam na diminuição do consumo de carne, visto que o aumento da longevidade se dá principalmente pelo consumo maior de alimentos vegetais, ricos em vitaminas antioxidantes e minerais, que diminuirão o estresse oxidativo causado por diversos fatores no organismo.

REFERÊNCIAS
BOADA, LD; HENRÍQUE-HERNADEZ, LA; LUZARDO, OP. The impact of red and processed meat consumption on cancer and other health outcomes: Epidemiological evidences. Food and Chemical Toxicology, v. 92, p. 236-244, Jun. 2016.

PELLATT, A et al. Dietary intake alters gene expression in colon tissue: possible underlying mechanism for the influence of diet on disease. Pharmacogenet Genomics., v. 26, n. 6, p. 294-306, Jun. 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Indicadores IBGE: Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

LACERDA, B et al. Segunda sem carne: faculdade de saúde pública – Um projeto de intervenção. Rev. Cult. Ext. USP, São Paulo, n.10, p.113-119, Nov. 2013.

SCHNEIDER, BC; DURO, SMS; ASSUNCAO, MCF. Consumo de carnes por adultos do sul do Brasil: um estudo de base populacional. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro,  v. 19, n. 8, p. 3583-3592,  Ago.  2014.

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