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Nutro Neurocêuticos para o equilíbrio emocional feminino

Cada vez mais a adoção de hábitos de vida e estratégias que contribuam para o equilíbrio emocional nas relações, sejam de trabalho ou interpessoais, se fazem necessárias. As mulheres apresentam cerca de duas vezes mais chances de desenvolver depressão durante a vida, devido à sua carga maior nas responsabilidades do dia a dia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2016), a depressão foi responsável por 10% da carga total de doenças não fatais em todo o mundo, sendo considerado maior em meninas e mulheres. O estudo conduzido por Ferrari et al. (2013), mostrou que a prevalência global de 12 meses de transtorno depressivo maior atingiu 5,8% o sexo feminino e 3,5% o masculino. Os distúrbios de ansiedade também atingem esse público e ambos possuem relação direta com o declínio cognitivo.

O aumento do nível de cortisol e de norepinefrina que estimulam o eixo do estresse e a deficiência de monoaminas (serotonina, dopamina, etc), no caso da depressão, são os principais fatores que reduzem as funções cognitivas e elevam a toxicidade cerebral. Assim, ocorre um desequilíbrio funcional que gera dificuldade na produção endógena de hormônios do sono e, consequentemente, uma redução da qualidade do mesmo. O estresse crônico, que muitas mulheres apresentam em sua rotina, é o responsável por desencadear e comprometer tais funções.

As estratégias complementares à alimentação na prática clínica para modular o estado emocional feminino e prevenir o desenvolvimento de transtornos neurocognitivos envolvem a escolha de nutracêuticos específicos, na qual chamamos de neurocêuticos. Esses são responsáveis por auxiliar nos cuidados com a saúde mental e no desempenho cognitivo em diferentes situações clínicas, como hiperatividade, déficit de atenção, alterações de comportamento, deficiências motoras e transtornos emocionais.

Vários estudos demonstram a associação entre magnésio e depressão. Um estudo (Tarleton et al., 2017) realizado com 126 adultos diagnosticados e apresentando sintomas leves a moderados, mostrou a eficácia de 6 semanas de tratamento ativo com 248 mg de magnésio elementar. A suplementação de cloreto de magnésio por 6 semanas resultou em uma melhora clinicamente significativa nos sintomas de ansiedade.

Um outro nutriente considerado modular do sistema cognitivo é a vitamina B12, ou cianocobalamina. Ela pertence à família das vitaminas do complexo B e desempenha importantes funções metabólicas e neurotróficas. Estudos ressaltam que pacientes com deficiência de B12 podem apresentar sintomas como anemia megaloblástica, neuropatia periférica e sintomas psiquiátricos, associados a transtornos da depressão. Os níveis mais elevados de vitamina B12, em alguns trabalhos, estavam associados a melhores resultados em pacientes com depressão em tratamento com antidepressivos.

No Módulo Brain Conection, a Dra. Rita Castro abordará sobre os nutro neurocêuticos que podem ser utilizados no equilíbrio emocional feminino.

 

REFERÊNCIA

SANTOS, Ellen da Costa; BRITO, Adriana; PEREIRA, Isabela Rosier Olímpio. Deficiência de vitamina B12: um fator que induz à depressão?. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv., São Paulo, v. 16, n. 2, p. 33-46, dez. 2016.

Vitamin B12 Deficiency and Depression in the Elderly: Review and Case Report. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2781043/pdf/pcc11269.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2020.

DEVI, A. et al. Vitamin B12 Status of Various Ethnic Groups Living in New Zealand: An Analysis of the Adult Nutrition Survey 2008/2009. Nutrients, v. 10, n. 181, p. 1-12, 2018.

FÁBREGAS, B. et al. Deficiência de vitamina B12 e transtorno depressivo refratário. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v60n2/10.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2020.

TARLETON, E. Role of magnesium supplementation in the treatment of depression: A randomized clinical trial. PLoS One., v. 12, n. 6, 2017.

Ferrari AJ, Somerville AJ, Baxter AJ, Norman R, Patten SB, Vos R, Whiteford HA. Global variation in the prevalence and incidence of major depressive disorder: a systematic review of the epidemiological literature. Psychological Medicine., v. 43, n. 3, p. 471-481, 2013.