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Fitoterapia integrada na Tensão Pré-Menstrual

A vida da mulher é marcada por ciclos, com muitas alterações emocionais, hormonais e físicas que podem impactar a sua qualidade de vida. A ritmicidade dos hormônios sexuais, que são grandes maestros do ciclo menstrual, interage com outros ritmos fisiológicos, desde aqueles ligados ao metabolismo até o circadiano. Por isso que, a partir de qualquer alteração hormonal, há o aparecimento de sinais e sintomas no período pré-menstrual, de climatério e de menopausa.

A fitoterapia é um campo da medicina que utiliza plantas para tratar doenças ou como agentes promotores de saúde. O seu uso tradicional, geralmente, preserva a integridade e composição original da planta fonte, para que toda a planta ou a porcentagem desejada dos seus componentes seja minimamente adulterada. Um dos seus campos de usos, com grande eficácia, é a saúde da mulher, auxiliando na melhora de desconfortos e como tratamento complementar de doenças no decorrer da vida do público feminino.

 

Tensão Pré-Menstrual

A Tensão Pré-Menstrual (TPM) é um dos problemas mais comuns das mulheres em idade reprodutiva. Ela aparece, em um ciclo de 28 dias, normalmente, nos 10 primeiros dias que antecedem a menstruação (mas há casos em que surge até 14 dias antes) e seus sintomas principais, que tanto impactam a qualidade de vida das mulheres, são: distensão abdominal, ansiedade, estresse, insônia, dor nas mamas, alteração no padrão alimentar, depressão, inchaço, dificuldade para concentração, fadiga, redução da libido, irritabilidade, entre outros. A fitoterapia pode ser uma grande aliada na melhora desses desconfortos, conforme demonstrado na literatura científica.

 

Uso de fitoterapia no tratamento da TPM

Um estudo randomizado e duplo-cego, conduzido por Akbarzadeh et al. (2015), feito com 100 meninas do ensino médio, avaliou o efeito da Melissa officinalis em cápsulas na intensidade da TPM. O grupo de intervenção (n = 50) recebeu 1.200mg de extrato de Melissa officinalis, diariamente, desde o primeiro até o último dia do ciclo menstrual, por três ciclos consecutivos. Os resultados do estudo revelaram uma diferença significativa entre os dois grupos quanto à intensidade total média dos sintomas físicos, psicológicos e sociais da TPM no primeiro, segundo e terceiro mês após a intervenção.

Já Maleki-Saghooni et al. (2018) conduziram uma revisão sistemática de 18 ensaios clínicos controlados e randomizados, avaliando o uso de fitoterápicos na TPM, com eficácia de vários deles, como gérmen de trigo, Vitex agnus-castus (VAC), Matricaria chamomilla (camomila), entre outros. Uma metanálise de estudos randomizados, controlados e duplos-cegos, conduzida por Csupor et al. (2019), demonstrou que o VAC, em diferentes formas de uso, foi eficaz na redução da TPM: as mulheres que recebiam VAC tiveram 2,57 vezes mais chances de uma remissão em seus sintomas em comparação com as que recebiam o placebo.

Por sua vez, Ataollahi et al. (2015) realizaram um estudo randomizado, controlado e triplo-cego, avaliando os benefícios do gérmen de trigo em cápsulas, na melhora da TPM. O grupo de intervenção (n = 50) recebeu 400mg de extrato de gérmen de trigo em cápsulas, 3 vezes ao dia, do 16° dia ao 5° dia do próximo ciclo menstrual, por dois meses consecutivos. Quando comparado ao grupo placebo, o uso desse fitoterápico reduziu significativamente os sintomas físicos, psicológicos e o escore geral.

 

Mais estudos científicos comprovando a eficácia da fitoterapia!

Em um estudo controlado, randomizado e duplo-cego, Saghafi et al. (2017) avaliaram o efeito da Matricaria chamomilla (camomila) no controle da mastalgia cíclica. O grupo de intervenção (n = 30) recebeu 5 gotas de extrato da flor da Matricaria chamomilla, 3 vezes ao dia, por 2 meses. Em comparação ao grupo placebo, houve uma redução significativa da mastalgia com o uso da camomila.

Para o tratamento da dismenorreia primária, a fitoterapia também mostra eficácia. Jahangirifar, Taebi e Dolatian (2018) investigaram o efeito agudo da canela (Cinnamon) no alívio da dor, em um estudo controlado, randomizado e duplo-cego. O grupo de intervenção recebeu 1.000mg de canela em cápsulas durante as primeiras 72h de menstruação, por dois ciclos consecutivos. A Escala Visual Analógica foi usada para determinar a gravidade da dor. Os resultados demonstraram que o uso da canela reduziu significativamente a intensidade da dor e de forma mais rápida, quando comparado ao grupo controle.

 

REFERÊNCIAS

 

DRAPER, C. F. et al. Menstrual cycle rhythmicity: metabolic patterns in healthy women. Scientific reports, v. 8, n. 1, p. 14568, 2018.

FALZON, C. C.; BALABANOVA, A. Phytotherapy: An Introduction to Herbal Medicine. Primary Care, v. 44, n. 2, p. 217-227, 2017.

MALEKI-SAGHOONI, N. et al. The Effectiveness and Safety of Iranian Herbal Medicines for Treatment of Premenstrual Syndrome: A Systematic Review. Avicenna Journal of Phytomedicine, v.8, n.2, p. 96-113, 2018.

CSUPOR, D. et al. Vitex Agnus-Castus in Premenstrual Syndrome: A Meta-Analysis of Double-Blind Randomised Controlled Trials. Complementary Therapies in Medicine, v. 47, p. 102190, 2019.

ATAOLLAHI, M. et al. The effect of wheat germ extract on premenstrual syndrome symptoms. Iranian journal of pharmaceutical research, v. 14, n. 1, p. 159, 2015.

SAGHAFI, N. et al. Effectiveness of Matricaria chamomilla (chamomile) extract on pain control of cyclic mastalgia: a double-blind randomised controlled trial. Journal of Obstetrics and Gynaecology, v. 38, n. 1, p.81-84, 2018.

JAHANGIRIFAR, M.; TAEBI, M.; DOLATIAN, M. The effect of Cinnamon on primary dysmenorrhea: A randomized, double-blind clinical trial. Complementary Therapies in Clinical Practice, v. 33, p. 56-60, 2018.