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Disbiose intestinal nas desordens estéticas

A disbiose intestinal é caracterizada por mudanças na qualidade e quantidade da microbiota intestinal, quanto à sua atividade metabólica e ao seu local de distribuição, em que há predomínio das bactérias patogênicas sobre as benéficas. Entre as causas da disbiose, destacam-se o estresse psicológico e fisiológico, idade e alimentação.

Esse desequilíbrio decorrente da disbiose leva à alteração na mucosa intestinal, que, por sua vez, reflete-se em aumento da permeabilidade intestinal e diminuição da seletividade na absorção de toxinas, bactérias, proteínas ou peptídeos, assim, contribuindo para inflamações local e sistêmica, ativando o sistema imunológico e causando fadiga e alterações dermatológicas, como eritema, urticária, dermatite e acne.

A acne vulgaris é uma doença do folículo polissebáceo, o que resulta em processo inflamatório e acelerado crescimento de bactérias, com ênfase para a Propionibacterium acnes. Essa bactéria habita naturalmente as unidades pilossebáceas e utiliza o sebo como fonte de nutriente. Desse modo, o aumento da produção de sebo, como se pode observar em peles com acne, potencializa o crescimento bacteriano e contribui para a maior densidade de unidades pilossebáceas e para a formação de comedões, que podem estar inflamados ou não.

A alimentação influencia de modo direto a composição da microbiota intestinal. Dessa maneira, como o hábito alimentar da população tem sido modificado em decorrência do atual ritmo de vida, a dieta do indivíduo pode ser considerada uma importante causa da disbiose. Cada vez mais se consomem menos frutas, verduras e legumes, alimentos que apresentam ação protetora da microbiota intestinal.

De acordo com estudos, o consumo de alimentos que possuem amido não digerível aumenta o crescimento de espécies Bifidobacterium, fenômeno conhecido como bifidogênico, que diminui o crescimento das bactérias patogênicas, sendo importante para a o equilíbrio da microbiota intestinal.

Os efeitos benéficos dos probióticos na área dermatológica, também, vêm sendo amplamente relatados, embora existam poucos estudos sobre os seus efeitos quanto ao antienvelhecimento. Estudo randomizado, realizado na Coreia, com 110 mulheres saudáveis, com pele seca e rugas, e idades entre 41 a 59 anos, observou que, após 12 semanas de intervenção, em que ingeriram 1 x 1010 CFU/dia de Lactobacillus plantarum HY7714 (grupo de probióticos), deu-se um aumento significativo no conteúdo de água da pele da face (p <0,01) e das mãos (p <0,05), diminuição da perda de água transepidérmica (p <0,001), redução significativa da profundidade das rugas e melhora no brilho e elasticidade da pele.

Portanto, ao levar em consideração os aspectos mencionados, é de extrema importância uma alimentação adequada, a priori, composta de alimentos in natura, fontes de prebióticos e probióticos, com o intuito de adquirir equilíbrio da microbiota intestinal, assim, prevenindo a disbiose, bem como os distúrbios estéticos associados.

Referências

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