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Cinco estratégias nutricionais para modular a flacidez

A flacidez é uma das desordens estéticas mais prevalentes no consultório, isso se deve, principalmente, a diversos fatores associados ao seu desenvolvimento, tais como grandes alterações de peso, padrões alimentares inadequados, excesso de exposição ao sol, envelhecimento (intrínseco e extrínseco), gestação e menopausa. Ela pode ser tissular, quando está relacionada com a perda de densidade e estrutura dérmica; ou muscular, quando há uma perda de massa muscular e, consequentemente, da força dos músculos, sendo que ambas podem aparecer em conjunto.

Diversos nutrientes estão associados com a melhora da flacidez tissular, propiciando as propriedades funcionais da pele e proporcionando firmeza e elasticidade da derme, por potencializarem a síntese de colágeno, além de fornecer os elementos constituintes da matriz extracelular, fundamentais para estrutura dérmica. Além disso, a nutrição também é aliada na melhora da flacidez muscular. Assim, o nutricionista tem grande papel na melhora da autoestima e do bem-estar dos pacientes, pois contribui para o tratamento efetivo e integrado. Por isso, separamos cinco estratégias nutricionais para você aplicar na sua conduta clínica:

 

1. Ajuste do consumo diário de proteínas: tanto para a flacidez tissular quanto para a muscular, é necessário o aporte proteico adequado, levando em consideração as necessidades nutricionais individuais de cada paciente. Os aminoácidos são essenciais para a manutenção dérmica e para a síntese proteica e um padrão alimentar com baixo aporte de proteínas pode estar relacionado com uma pele flácida e baixa densidade muscular. Takaoka et al. (2019) conduziram um estudo crossover, randomizado, duplo-cego e controlado em que avaliaram os efeitos da suplementação com aminoácidos na condição física e no status da pele em mulheres jovens saudáveis. O estudo teve duração de 6 semanas e, ao final da intervenção, a suplementação de l-leucina, l-arginina e l-glutamina promoveu aumento do percentual de massa muscular e ainda melhorou a textura da pele.

2. Incentivar o consumo de alimentos antioxidantes: alimentos fontes de ácido elágico (morango, framboesa, jabuticaba e romã), betacaroteno (cenoura, damasco, batata-doce, couve-manteiga e abóbora), licopeno (tomate e melancia), zeaxantina (gema do ovo e milho), resveratrol (suco de uva integral orgânico e jabuticaba), sesamina (gergelim), catequinas (chá-verde, cacau) e outros, inclusive ervas e especiarias, auxiliam no combate aos radicais livres, uma vez que estes podem gerar danos celulares e aumentar a flacidez. 

3. Colágeno – suplementação e aporte de nutrientes necessários para a sua síntese: diversos estudos demonstram os benefícios da suplementação com colágeno para a pele e, inclusive, para os músculos. Kim et al. (2018) avaliaram os benefícios da suplementação diária com 1000mg de peptídeos de colágeno de baixo peso molecular enriquecido com vitamina C, por 12 semanas, em um estudo randomizado, duplo-cego e placebo e, ao final do período, o grupo suplementado teve melhora na elasticidade, hidratação e redução do enrugamento da pele. Também é preciso ajustar o plano alimentar com os alimentos fontes dos nutrientes essenciais para a síntese de colágeno e, quando necessário, suplementar, com vitamina C, zinco, selênio, cobre e manganês, para potencializar ainda mais a ação dessa proteína. 

4. Introduzir alimentos fontes de silício: auxilia na reorganização da matriz intersticial, sendo que é este nutriente que atua na sua sustentação e do colágeno, por ser fundamental para a manutenção dérmica, assim, evitando a flacidez. Incluir aveia e chá de cavalinha, que são uma das maiores fontes alimentares de silício. Porém, a partir dos 25 anos, há uma redução na absorção deste mineral pelo trato gastrointestinal, podendo ser necessária sua suplementação, na forma de ácido ortossilícico estabilizado em colina. Um estudo randomizado e controlado, conduzido por Favaretto e Campos (2016), demonstrou que a suplementação com 400mg de ácido ortossilícico estabilizado em colina, em mulheres de 40 a 65 anos, por 90 dias, proporcionou aumento da ecogenicidade da pele, ocorrendo melhora da densidade dérmica.

5. Controlar a glicação avançada: um padrão alimentar com alto teor de produtos finais de glicação avançada, como consumo elevado de alimentos de alto índice glicêmico, preparações grelhadas, produtos de padaria e outros, propicia um aumento da glicação do colágeno, assim, gerando deterioração da matriz e aumentando a flacidez. Por isso, é fundamental controlar a carga glicêmica das refeições e utilizar algumas técnicas dietéticas de forma a variar os tipos de preparações do paciente (reduzindo a frequência de grelhados, torrados e frituras) e incentivando o uso de alho, gengibre, ervas e especiarias, indicando marinadas para o preparo de carnes e peixes, de forma a evitar uma alimentação com excesso dos produtos finais de glicação.

 

REFERÊNCIAS

 

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TAKAOKA, M. et al. Effect of amino-acid intake on physical conditions and skin state: a randomized, double-blind, placebo-controlled, crossover trial. Journal of Clinical Biochemistry and Nutrition, v. 65, n. 1, p. 52-58, 2019.

FAVARETTO, G.; CAMPOS, P.M.B.G.M. Influence of an Oral Supplementation Based on Orthosilicic Acid Choline-Stabilized on Skin, Hair and Nails: A Clinical Study with Objective Approach. Clinical Pharmacology & Biopharmaceutics, 2016.

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KIM, D.-U. et al. Oral Intake of Low-Molecular-Weight Collagen Peptide Improves Hydration, Elasticity, and Wrinkling in Human Skin: A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Study. Nutrients, v.10, n. 7, p. 826, 2018.

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