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Influência do ciclo circadiano no metabolismo corporal

O cuidado com o sono é essencial para a manutenção da saúde. Os ritmos biológicos estão relacionados a um sistema de temporização localizado no sistema nervoso central, chamado de núcleo supraquiasmático (SCN), caracterizado como um conjunto de aproximadamente 20 mil neurônios do hipotálamo responsáveis pela organização temporal de diversas funções, como o sono, a ingestão alimentar, a temperatura corporal, a frequência cardíaca e a produção hormonal.

A melatonina, um hormônio produzido pela glândula pineal, influencia o ritmo sazonal e circadiano ‒ sobre o ciclo sono-vigília e a reprodução. Apresenta um padrão secretor dia-noite, sensível à luminosidade, com início de elevação no começo da noite e queda no final. A exposição à luminosidade é suficiente para suprimir a síntese de melatonina, sendo que evidências clínicas e experimentais mostram que diversos estados biológicos e metabólicos podem ser influenciados pela ação desse hormônio.

A alimentação pode afetar diretamente a expressão dos genes relacionados ao ritmo circadiano, chamados de clocks genes. Sua expressão no fígado e nos tecidos periféricos é ajustada por refeições periódicas. Estudos realizados em animais alimentados com uma dieta hiperlipídica mostraram uma redução da expressão diurna dos clock genes no tecido adiposo e fígado, assim, ocasionando maior ingestão alimentar no período noturno, em que, normalmente, são ingeridas menores quantidades de alimentos.

A ciência comprova a influência do sono e da ingestão alimentar no metabolismo e controle do peso corporal. Um estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine mostrou que a privação do sono pode interferir na perda de peso e, também, na distribuição de tecido adiposo e massa magra. Para isso, participantes voluntários saudáveis foram submetidos a uma dieta com restrição calórica (1450kcal), durante duas semanas, com sono em média de 8 horas ou 5 horas por noite, cujo principal objetivo foi avaliar o impacto da restrição de 3 horas de sono diariamente. Em cada tratamento, avaliou-se a perda de tecido adiposo e massa magra, além da dosagem de hormônios anorexígenos e orexígenos. Após 14 dias de tratamento, observou-se a perda de peso similar em ambos os grupos, contudo, naqueles com restrição de sono, houve diminuição na proporção de perda de gordura em 55%, além do aumento da concentração de grelina e do coeficiente respiratório em jejum e pós-prandial, assim, evidenciando uma significativa redução na taxa de oxidação de gordura. Isso pode ser explicado não só pela alteração hormonal e metabólica que interferiu na perda de peso, mas, também, pela expressão gênica que pode ter sido alterada.

O aconselhamento nutricional deve ser essencial para o equilíbrio do ciclo circadiano. A composição dos alimentos e a adoção de hábitos de estilo de vida mais saudáveis, como prática de exercícios regularmente e descanso suficiente, continuam sendo estratégias primordiais a serem modificadas na rotina dos pacientes.

  

REFERÊNCIAS

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KANEKO, K. et al. Obesity alters circadian expressions of molecular clock genes in the brainstem. Brain Res., v. 31, n. 1263. p. 58-68, mar. 2009.

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NEDELTCHEVA, A. et al. Sleep curtailment is accompanied by increased intake of calories from snacks. Am J Clin Nutri., v. 89, n. 1, p. 126-33, jan. 2009.

STEPHAN, F. K. The “other” circadian system: food as a Zeitgeber. J Biol Rhythms. v. 17, n. 4, p. 284-92, 2002.

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