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A neurociência cognitiva aplicada à nutrição na saúde da mulher

nutrição e a neurociência na mulher
A neurociência vem sendo uma área de conhecimento e de atuação clínica em expansão na rotina de nutricionistas que avaliam o todo do paciente. Nesse sentido, o mês de janeiro é caracterizado pela conscientização contra doenças mentais que vem crescendo, em destaque à depressão e ansiedade. As mulheres são as que mais apresenta quadros de transtornos depressivos e de ansiedade, cenário que cresce a cada ano devido às condições emocionais que afetam esse público. Assim, o manejo no tratamento nutricional das pacientes que apresentam risco ou com a doença diagnosticada deve ser minucioso e assertivo, uma vez que nutrientes e compostos ativos neuromoduladores podem auxiliar na redução dos sintomas mentais.

Neurociência cognitiva nutricional: o campo da nutrição fitoativa

A “Neurociência cognitiva nutricional” foi recentemente estabelecida para definir o campo de pesquisa interdisciplinar que busca compreender o impacto da nutrição e suplementação para modular a cognição e saúde do cérebro. Essa neurociência cognitiva nutricional inclui investigações fisiopatológicas e estratégias de intervenção dietética no envelhecimento cerebral e nas doenças neurodegenerativas e emocionais. A maioria dos estudos sobre esse assunto foram baseados na evidência de que o estresse oxidativo, um mecanismo fisiopatológico no envelhecimento, pode ser influenciado pela atividade física e pela ingestão nutricional. Já é comprovado na ciência que biomarcadores de estresse oxidativo e indicadores de defesa de micronutrientes antioxidantes contra radicais livres promovem o comprometimento cognitivo com e sem demência. Portanto, em busca de combater tal mecanismo, propõe-se a adoção de estratégias antioxidantes eficientes com a oferta de bioativos e nutrientes com tal capacidade de eliminar ou amenizar os radicais livres neurológicos.

Os carotenoides no processo antioxidante neuronal

Os carotenoides são distribuídos em vários órgãos do corpo. Entre eles, podemos destacar a luteína e a zeaxantina como os dois únicos que atravessam a barreira sangue-retina para formar o pigmento macular no olho. A luteína é considerada o principal carotenoide no tecido cerebral. O possível papel benéfico do consumo de carotenoides, principalmente luteína e zeaxantina, pode estar relacionado à inibição da deposição de β-amilóide no cérebro e formação de fibrilas na incidência de desordens neurodegenerativas. Além disso, o déficit metabólico sistêmico que normalmente está associado ao desenvolvimento da demência também foi explorado em relação às concentrações circulantes de carotenoides e outros compostos ativos.

Vitamina D: um olhar multifatorial

A vitamina D é um nutriente com múltiplas funcionalidades e pode afetar o desempenho cognitivo. Um estudo controlado randomizado feito por Castle tela. (2020) avaliou asuplementação de vitamina D em medidas cognitivas específicas em mulheres na pós-menopausa. Foram incluídas mulheres com sobrepeso e obesas que tinham níveis séricos de 25-hidroxivitamina D (vitamina D) inferiores a 30 ng/mL. A suplementação de vitamina D 3 em dosagens de 600, 2.000 ou 4.000 UI/dia foi distribuída aleatoriamente de maneira duplo-cega por 1 ano. A 25- hidroxivitamina D sérica, osteocalcina, beta-amilóide, hormônio da paratireoide e estradiol foram analisados ​​antes e após a suplementação. Aplicará testes cognitivos administrados após o tratamento. Os participantes que tomaram 2.000 UI/d em comparação com outras doses tiveram melhor desempenho nos testes de aprendizado e memória. Os dados gerais do estudo sugerem que a vitamina D tem efeitos em medidas cognitivas específicas de domínio, mas que uma dose maior pode afetar negativamente a reação cognitiva. Atualize suas condutas clínicas avançadas nas saúde mental da mulher, com foco em neurociência e suplementação, no ARTIGO COMENTADO. Clique aqui

Referências:

Castle M, Fiedler N, Pop LC, Schneider SJ, Schlussel Y, Sukumar D, Hao L, Shapses SA. Three Doses of Vitamin D and Cognitive Outcomes in Older Women: A Double-Blind Randomized Controlled Trial. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2020 Apr 17;75(5):835-842. doi: 10.1093/gerona/glz041. PMID: 30951148; PMCID: PMC7164532. Dauncey MJ. New insights into nutrition and cognitive neuroscience. Proc Nutr Soc. 2009 Nov;68(4):408-15. doi:10.1017/S0029665109990188. Epub 2009 Aug 24. PMID: 19698201. Zamroziewicz MK, Barbey AK. Nutritional Cognitive Neuroscience: Innovations for Healthy Brain Aging. Front Neurosci. 2016 Jun 6;10:240. doi: 10.3389/fnins.2016.00240. PMID: 27375409; PMCID: PMC4893495. Li S, Xu Y, Zheng L, Pang H, Zhang Q, Lou L, Huang X. Sex Difference in Global Burden of Major Depressive Disorder: Findings From the Global Burden of Disease Study 2019. Front Psychiatry. 2022 Feb 21;13:789305. doi:10.3389/fpsyt.2022.789305. PMID: 35264985; PMCID: PMC8898927. Polidori MC, Stahl W, Griffiths HR. Nutritional cognitive neuroscience of aging: Focus on carotenoids and cognitive frailty. Redox Biol. 2021 Aug;44:101996. doi: 10.1016/j.redox.2021.101996. Epub 2021 May 8. PMID: 34090844; PMCID: PMC8212151.