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5 condutas nutricionais na Síndrome do Ovário Policístico

5 condutas nutricionais na Síndrome do Ovário Policístico

SOP – O que é e quais as principais características

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é o distúrbio endócrino mais comum em mulheres em idade reprodutiva, afetando cerca de 6 a 10% da população feminina fértil. É uma doença complexa em que fatores genéticos, endócrinos, ambientais e comportamentais entrelaçam-se, assim, dando origem a diferentes fenótipos. A síndrome do ovário policístico afeta a saúde da mulher e sua qualidade de vida (MORREALE, 2018; LOUWERS; LAVEN, 2020).

Os principais sinais e sintomas relacionados ao seu diagnóstico, os quais podem variar entre as mulheres, são hiperandrogenismo {hirsutismo, alopecia, acne e seborreia}, oligovulação ou anovulação {disfunção da menstruação, subfertilidade e hiperplasia endometrial} e a presença de cistos nos ovários, também, relacionando-se com a presença da resistência à insulina, dislipidemia e outras alterações metabólicas (MORREALE-ESCOBAR, 2018).

Os desfechos da SOP mudam nas diferentes fases da vida das mulheres, sendo que as que estão na idade fértil têm maior relação com complicações de fertilidade, obesidade, dislipidemia, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e alterações psicológicas. Já as mulheres na menopausa com SOP possuem maior prevalência de síndrome metabólica e doença cardiovascular (LOUWERS; LAVEN, 2020).

O impacto do estilo de vida

A literatura científica demonstra como a restrição de crescimento intrauterino, a hipertensão, o padrão alimentar inadequado (excesso de gorduras saturadas e carboidratos refinados), o consumo excessivo de álcool, o excesso de peso, o sedentarismo, o tabagismo e outros fatores ambientais impactam no desencadeamento da SOP (MORREALE-ESCOBAR, 2018). Wang et al. (2018) concluíram que mulheres com SOP possuem mais bisfenol A no fluido folicular, o que se associa com a redução da aromatase. Dessa forma, a exposição aos plásticos com BPA, pode se relacionar com o desencadeamento da SOP.

Estratégias nutricionais na SOP

A nutrição é uma aliada importante e efetiva para contribuir para o tratamento da SOP. Assim, separamos algumas estratégias atualizadas para você incluir na sua conduta clínica e tornar sua conduta nutricional eficaz:

Priorizar uma alimentação com baixo índice e baixa carga glicêmicos: Kazemi et al. (2020), em uma recente revisão sistemática e metanálise de estudos controlados e randomizados, concluíram que um padrão alimentar com baixo índice glicêmico proporcionou redução do HOMA-IR, insulina de jejum, colesterol total, LDL-c, triglicerídeos, circunferência de cintura e testosterona total em mulheres com SOP, quando comparado a um padrão alimentar com alto índice glicêmico, melhorando, assim, a ciclicidade ovulatória, a infertilidade e o risco de doença cardiovascular nessa população.

Incluir canela na conduta clínica: a suplementação de canela está associada com a melhora do metabolismo glicêmico. Borzoei, Rafrat e Asghari-Jafarabadi (2018) avaliaram os efeitos da suplementação com 500mg de canela, 3 vezes ao dia, por 8 semanas, em mulheres com SOP. Quando comparado ao grupo placebo, quem ingeriu a canela teve redução da glicemia de jejum, da insulina de jejum, do HOMA-IR, do peso corporal total, do colesterol total e do LDL-c, e, ainda, promoveu aumento do HDL-c.

Prescrição de inositol: o inositol pode ser proveniente de fontes alimentares ou produzido a partir do metabolismo da glicose. O mioinositol e o d-chiro-inositol estão relacionados, respectivamente, ao mensageiro secundário do FSH e ao inibidor da aromatase, por isso, contribuem para o tratamento da SOP. Facchinetti et al. (2020) sugerem uma proporção de 40:1 para a suplementação de ambos, em uma mesma formulação. Le Donne et al. (2019) concluíram que a associação de ambos com o ajuste dietético parece acelerar a perda de peso e a redução da gordura corporal, além de promover leve aumento do percentual de massa magra e contribuir para a restauração da regularidade do ciclo menstrual.

Avaliar a vitamina D: a suplementação com média de 4000UI/dia de vitamina D melhora a sensibilidade à insulina (ŁAGOWSKA; BAJERSKA; JAMKA, 2018). Miao et al. (2020), em uma metanálise, concluíram que a suplementação de vitamina D contribui para a redução da resistência à insulina e do hiperandrogenismo, além de melhorar o metabolismo lipídico de pacientes com SOP.

Ajuste de ômega-3: a suplementação com cerca de 2g ao dia com este ácido graxo proporciona melhora em diversas características da SOP, como redução do colesterol total, do LDL-c, dos triglicerídeos, da circunferência de cintura, da testosterona e aumento do HDL-c, além de reduzir a inflamação e aumentar os níveis de adiponectina (TOSATTI et al., 2020; KHANI; MARDANIAN; FESHARAKI, 2017; RAHMANI, et al., 2017).

Portanto uma nutrição personalizada é essencial para promover a qualidade de vida e os diversos parâmetros da saúde das mulheres com SOP.

 

REFERÊNCIAS

DRAPER, C. F. et al. Menstrual cycle rhythmicity: metabolic patterns in healthy women. Scientific reports, v. 8, n. 1, p. 14568, 2018.

LOUWERS, Y. V.; LAVEN, J. S. E. Characteristics of polycystic ovary syndrome throughout life. Therapies Advances in Reproductive Health, v. 14. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32518918/ Acesso em:08 set. de 2020.

MORREALE-ESCOBAR, H. F. Polycystic ovary syndrome: definition, aetiology, diagnosis and treatment. Nature Reviews Endocrinology, v. 14, n. 5, p. 270-284, 2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29569621/ Acesso em: 08 set. de 2020.

GUGLIETTA, A. Recurrent Urinary Tract Infections in Women: Risk Factors, Etiology, Pathogenesis and Prophylaxis. Future Micobiology, v. 12, p. 239-246, 2017. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28262045/> Acesso em: 08 set. de 2020.

SIMAS, L.A.W. Manual de Formulações na Saúde da Mulher. Curitiba: Ed. do Autor, 2016.

PUJOL, A. P. Manual de Formulações para Prática Clínica. Camboriú: Ed. do Autor, 2019.

PASCHOAL, V. et al. Nutrição Clínica Funcional: Suplementação. Volumes I e II. [s.l.]: VP Editora. 2015.

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