Síndrome do Intestino Irritável (SII)
Para o diagnóstico de SII, seguem-se os Critérios de Roma IV: dor ou desconforto associado ao hábito evacuatório com mudança no padrão ou na frequência das fezes (pelo menos 1 vez na semana, nos últimos 6 meses).
A causa é multifatorial e engloba alterações de motilidade, hiperalgesia visceral, alteração da microbiota, sequelas infecciosas e distúrbios psicossociais.
Os sinais e sintomas mais comuns são:
- Alteração do padrão das fezes (constipação, diarreia ou alternância de padrões);
- Sensação de esvaziamento incompleto;
- Náusea;
- Empachamento;
- Distensão abdominal;
- Gases;
Extra-intestinais: dor de cabeça, cansaço, fadiga, dores musculares, dentre outros.
Não existe um tratamento igual para todos os indivíduos devido a pouca familiaridade com a doença, dificuldade de estabelecer um diagnóstico, prever novas crises, estabelecer fatores desencadeantes e ansiedade do paciente.
Segundo a literatura e a prática clínica, o que mais funciona é: controle do eixo intestino-cérebro; dieta mediterrânea ou low fodmaps; chás ou tinturas de hortelã, gengibre, alecrim, erva doce e camomila; suplementos como enzimas digestivas, glutamina, probióticos, biointestil e microbiomex; exercício físico regular.
Mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e SII tendem a cursar com o padrão SII-constipação e têm mais chances de desenvolverem síndrome metabólica devido a inflamação e alteração da microbiota.
SOP
A SOP é uma desordem heterogênea que afeta o sistema endócrino e reprodutor, gerando desordens metabólicas. Atinge de 6-21% das mulheres em idade fértil no mundo e é causada por uma combinação de fatores, como transgeracionais, genéticos e epigenéticos.
O diagnóstico é feito com a presença de dois dos três critérios: anovulação crônica, hiperandrogenemia, hiperandrogenismo e/ou dimensões aumentadas dos ovários com cistos. Além disso, é recorrente a associação com:
– Ganho de peso e dificuldade de emagrecer (mulheres com SOP têm redução de até 30% de taxa metabólica);
– Alterações glicêmicas e insulinêmicas;
– Aumento de circunferência abdominal;
– Acne;
– Acantose nigricans;
– Dislipidemias;
– Infertilidade;
– Depressão e ansiedade.
Os fatores transgeracionais envolvem alterações dos gens ancestrais devido ao estilo de vida obesogênico: sedentarismo, menor exposição solar, alto consumo de alimentos industrializados, sem contato com a natureza, etc.
A hiperinsulinemia, assim como a deficiência de zinco, aumenta a expressão de 5 α reductase, pois sua atividade é mediada pelo IGF-1; a qual é estimulado com a insulina elevada. Esse quadro leva acne, alopecia e hirsutismo. É importante atentar-se também com aportes adequados de vitamina A, B3, biotina, ácido pantotênico, B6, B9 e B12 nesse quadro. Além de avaliar a frequência de consumo de leite e derivados; gordura saturada e carboidratos refinados (relacionados com leaky gut e inflamação).
SOP e intestino: menor complexidade e diversidade microbiana, gerando mais sintomas característicos do quadro.
A suplementação com probióticos pode resultar na melhora de peso, IMC, insulina, HOMA-IR, perfil lipídico, malonodialdeído, hirsutismo, testosterona total e SHBG; ao passo que pro e simbióticos parecem melhorar a homeostase de glicose, hormônios e índices inflamatórios.
Devido a heterogeneidade das manifestações clínicas das mulheres com SOP e SII, o manejo nutricional deve ser baseado em condutas individualizadas, levando em consideração os sintomas apresentados, as queixas individuais e as mudanças metabólicas inerentes ao quadro.