Até 2050 as mulheres do mundo com 50 anos ou mais devem totalizar 1,6 bilhão. A menopausa ocorre naturalmente na faixa dos 49 anos, mas os sintomas de ondas de calor, suores noturnos e alterações no fluxo menstrual podem ocorrer na perimenopausa e persistir por mais de uma década em 75% das mulheres. Na pós-menopausa, até 84% das mulheres podem sofrer de incontinências urinária e atrofia vulvovaginal.
A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) pode ser eficaz no manejo dos sintomas vasomotores e geniturinários; atrofia vaginal, prevenção de fraturas e patologias, diabetes mellitus, câncer colorretal e doenças cardiovasculares. Entretanto, devido a controvérsia dos estudos científicos, a TRH ainda é questionada no que se refere à indicação e avaliação de riscos e benefícios.
Terapia de reposição hormonal e câncer
A literatura é contraditória na indicação de TRH em mulheres com histórico de câncer e/ou que estão sendo submetidas ao tratamento. A revisão de estudos de Zhang et al (2021) relata que os achados encontrados foram positivos e negativos, pois não está claro se a associação inversa entre TRH e sobrevida ao câncer de mama é causal ou devido a vieses dos estudos.
Por outro lado, parece que mulheres com histórico de câncer de mama são mais propensas a recidiva da doença quando submetidas a TRH, independentemente do tipo (incluindo terapias a base de estrogênio isolado e estrogênio combinado com progesterona).
Controle da incontinência urinária
Os estudos indicam que os efeitos benéficos no controle da incontinência urinária são decorrentes do uso intravaginal do estrogênio, ao passo que o uso oral do mesmo e da combinação de estrogênio e progesterona podem piorar o quadro e aumentar o risco do desenvolvimento de incontinência na pós menopausa.
Reposição hormonal e doença coronariana
A literatura aponta que quando a TRH é iniciada juntamente com o início da menopausa pode ocorrer redução do risco de desenvolvimento de doenças coronarianas, mas que parece não ter efeito tão significativo com a iniciação tardia. Isso vai de acordo com outro achado que aborda o uso oral de estradiol oral dentro de 6 anos após a menopausa e a redução da progressão da aterosclerose; mas não quando iniciada ≥10 anos após a menopausa.
Prevenção de fraturas
A TRH auxilia na elevação da densidade mineral óssea, diminuindo a ocorrência de fraturas pela osteoporose, entretanto, Chen e Chen (2021) reforçam que é necessário avaliar os riscos para indicação de hormônios somente para essa finalidade em razão de todo o risco do contexto.
Alternativa da terapia de reposição hormonal
As isoflavonas presentes na soja são fitoestrogênios, ou seja, possuem ação semelhante ao estrogênio e seu consumo está relacionado com menor incidência de sintomas da menopausa, osteoporose, doenças cardiovasculares e cânceres hormônio-dependentes.
Um dos estudos da revisão feita por Chen e Chen (2021) avaliou os efeitos do consumo de uma mistura de isoflavona de soja (40mg), inulina (3g), vitamina D3 (300UI) e cálcio (500mg) em um estudo multicêntrico prospectivo. Os resultados mostraram que as mulheres relataram diminuição das ondas de calor e melhora da qualidade de vida, evidenciando a sinergia da isoflavona com a inulina, entretanto, seus efeitos parecem não ser expressivos em todas as mulheres que fazem seu uso.
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REFERÊNCIAS
ZHANGI, Guo-Qiang et al. Hormone therapy in menopause and women’s health: an overview. Plos Med. Reino Unido, p. 1-27. 02 ago. 2021. Disponível em: https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1003731. Acesso em: 02 mar. 2022.
CHEN, Li Ru; CHEN, Kuo Hu. Utilization of Isoflavones in Soybeans for Women with Menopausal Syndrome: an overview. Int J Mol Sci. Taiwan, p. 1-23. 22 mar. 2021. Disponível em: https://www.mdpi.com/1422-0067/22/6/3212/htm. Acesso em: 02 mar. 2022.