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A atribuição dos nutracêuticos no gerenciamento de peso

Segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos 1 bilhão de pessoas apresenta excesso de peso, e dessas 300 milhões são obesas. De acordo com estimativas, em 2030, mais de 57,8% da população mundial apresentará obesidade ou sobrepeso.

A obesidade é uma das doenças crônicas mais prevalentes da atualidade e apresenta múltiplos fatores causais, como a inflamação. O tecido adiposo no desenvolvimento da obesidade e suas consequências têm sido amplamente discutidos, isso porque antes se pensava em adipócitos apenas como células de armazenamento de gorduras. Entretanto, atualmente, os adipócitos representam um componente crítico do controle metabólico e endócrino, com efeitos positivos e negativos, sendo associado com o aumento em diversas moléculas inflamatórias, incluindo proteína C-reativa (PCR), inibidor da ativação do plasminogênio (PAI-1), proteína amiloide A sérica, fator inibidor da migração (MIF), resistina, óxido nítrico sintase induzível (iNOS), interleucina-6 (IL-6), fator estimulador de colonas de macrófagos (CSF-1) e proteína-1 quimiotática de monócito (MCP-1).

A inflamação induzida pela obesidade, também denominada metainflamação, é considerada um mecanismo potencial envolvido em patologias metabólicas como resistência à insulina, diabetes tipo 2, esteatose hepática, aterosclerose, doenças imunológicas e alguns tipos de câncer.

Por consequência, poder-se-ia dizer que a obesidade ocorre como resultado de um aumento do tecido adiposo branco, este causado por uma hiperplasia ou hipertrofia dos adipócitos. Ainda, as adipocinas, como leptina, adiponectina, resistina e outras citocinas do sistema imunológico interagem com diversos processos metabólicos em diferentes órgãos, dessa forma, influenciando fenômenos sistêmicos, além de contribuírem para o estado inflamatório local e sistêmico característico da obesidade.

A nutrição personalizada busca suprir as necessidades individuais do paciente, sendo uma importante ferramenta no atendimento clínico. Nesse sentido, os nutracêuticos se tornam uma excelente estratégia para otimização de resultados, pois promovem a homeostasia do organismo, assim como agem na prevenção e ação coadjuvante no tratamento das doenças.

Estudos recentes têm relatado a eficácia do suco de laranja-vermelha moro (Citrus Sinensis (L) Osbeck) no tratamento e na prevenção da obesidade, resistência à insulina e doenças associadas, como esteatose hepática e doença cardiovascular. Considera-se que seus efeitos na obesidade sejam mediados pelas antocianinas, principalmente, a CG3 e seus metabolitos. Alguns trabalhos demonstraram sua ação na redução dos níveis plasmáticos de triacilgliceróis e colesterol total, aumento da sensibilidade à insulina, além de diminuir o ganho de peso e o tamanho dos adipócitos e animais.

A quebra do tecido adiposo durante o processo de emagrecimento promove maior liberação de substâncias xenobióticas, nesse caso, nutracêuticos que atuam no processo de detoxificação podem otimizar o gerenciamento de peso. As folhas da Cynara cardunculus L. var. altilis (DC) são capazes de aumentar a performance hepática, desse modo, favorecendo a detoxificação, visto que possui altas concentrações de ácido clorogênico, luteolina-7-glucosídeo e cinarina, que fazem com que o organismo elimine potencialmente as toxinas e promova o equilíbrio nutricional para prolongar o controle do peso.

Fitoquímicos, como a capsaicina presente na pimenta-vermelha, atuam de forma indireta no gerenciamento do peso por desempenhar ação anti-inflamatória. Estudo demonstrou que esse composto é capaz de reduzir as quantidades de IL-6 e MCP-1 liberadas pelo tecido adiposo e aumentar a quantidade liberada de adiponectina.

REFERÊNCIAS

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